‘Trabalhamos com três hipóteses em que pode configurar o preconceito racial’, diz delegado sobre caso Carrefour e João Beto

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Por G1 RS e RBS TV — O diretor da Divisão de Homicídios de Porto Alegre, delegado Eibert Moreira, falou a respeito da investigação da polícia sobre o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, cidadão negro que foi espancado por dois seguranças brancos em uma unidade do Carrefour, em Porto Alegre, na quinta-feira (19) da semana passada.

“Trabalhamos com três hipóteses em que pode configurar o preconceito racial”, afirmou o delegado em coletiva de imprensa na quinta (26).

Segundo Moreira, a polícia segue investigando, explorando da forma mais detalhada possível, para que as autoridades cheguem ao final do inquérito com a informação mais precisa.

“A questão racial intrínseca a esse fato que estamos apurando, ela vem a tona por óbvio, e nós sempre trabalhamos com a consciência da existência do racismo estrutural no nosso país. Porém, para falar sobre racismo no aspecto criminal, nós precisamos avaliar qual é a configuração do tipo penal existente para essas condutas. Na nossa legislação, existem, especificamente, duas possibilidades, seria injúria racial, prevista no artigo 140, parágrafo terceiro, do código penal, e as condutas tipificadas na Lei 7716/89, em que descrevem condutas típicas de racismo”, explica.

“A partir da análise das imagens e coleta de depoimento de testemunhas, nós estamos explorando para verificar se alguma das pessoas envolvidas naquela circunstância praticou algum dos verbos nucleares dos tipos penais existentes. Não deixando de lado também, a possibilidade de, em se tratando de conduta preconceituosa, também pode configurar a hipótese da motivação torpe”.

Em entrevista ao telejornal da RBS TV Bom Dia Rio Grande, na manhã desta sexta (27), o delegado disse que um dos seguranças que está preso, o policial temporário Giovane Gaspar da Silva, deve ser interrogado ao longo do dia.

“Acreditamos que o novo interrogatório que faremos hoje [sexta] terá uma relevância grande para o andamento do inquérito policial, tendo em vista que aquela conversa gravada entre aquelas três, quatro pessoas, que aparecem nas imagens, só é de conhecimento delas mesmas”.

O delegado falou também sobre a fiscal da unidade do Carrefour, Adriana Alves Dutra, que também está presa. Ela aparece nas imagens que mostram os dois seguranças agredindo João Alberto. Em depoimento à polícia, a mulher alegou saúde debilitada para não impedir as agressões.

“Eu não tenho dúvida de que ela, realmente, teria fisicamente dificuldade de intervir para impedir o resultado. Porém, como ela estava acima na cadeia de comando daquelas pessoas que agridem a vítima naquele dia, acreditamos também que uma ordem dela interromperia aquele ciclo de agressão que levou a morte de João Alberto”, afirma o delegado.

Foto: Reprodução.

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