Pacientes relatam não conseguir atendimento em hospitais privados de Natal

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Hospital Rio Grande, em Natal — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi

Por G1RN – Pacientes relataram que não conseguiram atendimento médico em alguns hospitais privados de Natal na noite desta sexta-feira (4). Entre as unidades que tiveram problemas no turno da noite, nos prontos-socorros, estão o Hospital Rio Grande e o Hospital da Unimed. Mais cedo, o Hospital do Coração também tinha registrado dificuldades para o atendimento.

“Eu estou com uma pneumonia viral. Eu sou diabética. Estou andando nos hospitais porque eu estou tendo arritmia cardíaca e muita falta de ar. Está suspenso o atendimento (aqui). Vou procurar outro hospital”, disse a funcionária pública Marijane Cristina Lacerda de Menezes, que foi diagnosticada com Covid-19, ao procurar o Hospital Rio Grande na noite de sexta-feira.

Marijane Cristina Lacerda de Menezes foi diagnosticada com Covid-19 e após se sentir mal não conseguiu atendimento em hospital particular — Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi
Marijane Cristina Lacerda de Menezes foi diagnosticada com Covid-19 e após se sentir mal não conseguiu atendimento em hospital particular — Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi

O Hospital Rio Grande, inclusive, tem 100% de ocupação dos leitos de UTI para Covid-19 – os nove estão ocupados. Na mesma situação está o Hospital São Lucas, com os 10 leitos de UTI ocupados.

No Hospital da Unimed, pacientes relataram que chegaram às 17h e até depois das 20h não haviam sido atendidos. A partir do fim da tarde, inclusive, os novos pacientes sequer entravam na fila e já eram informados que não seriam atendidos.

“Minha mãe é hipertensa. Ela está há dois dias passando muito mal. Então hoje eu vim aqui com ela no hospital e falaram simplesmente que não está atendendo”, disse Sheila Cunha de Assis, que foi até a unidade com a mãe de 66 anos.

Sheila Cunha de Assis foi procurar atendimento para a mãe no Hospital da Unimed — Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi
Sheila Cunha de Assis foi procurar atendimento para a mãe no Hospital da Unimed — Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi
Minha mãe paga um plano de saúde caro, está passando mal há dois dias e ela vai morrer na rua, no caminho, na porta do hospital e ninguém vai atender? Eu estou indignada” — Sheila Cunha de Assis, mãe de uma paciente.

Ela contou que o recado dado na recepção era de que os médicos haviam dito que não poderiam mais atender. “O hospital na recepção não estava cheio, as cadeiras estavam vazias. Eu contei 9 pessoas. Não sei porque eles resolveram não atender. Não sei que superlotação é essa se está tudo vazio”.

Hospital do Unimed, em Natal — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
Hospital do Unimed, em Natal — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi

Em nota, o Hospital Rio Grande disse que, além dos nove leitos de UTI, os 10 leitos clínicos exclusivos para o atendimento de pacientes com a Covid-19 ficaram ocupados “ao longe de toda a semana”.

“Sempre que desocupa um leito, rapidamente ele já é disponibilizado para outro paciente que aguarda na fila de espera”, diz em nota.

Em relação ao atendimento no pronto-socorro, “o serviço tem registrado um grande aumento diário de pacientes, assim como todos os demais serviços de urgência e emergência das demais unidades hospitalares da capital”.

“Nesta sexta-feira a procura aumentou cerca de 100%, o que fez com que a a equipe médica decidisse pela suspensão temporária no atendimento”.

Quem também teve problema na sexta-feira foi o Hospital do Coração após uma pane no sistema que atrasou os atendimentos no pronto-socorro no turno da manhã, gerando fila. A direção da unidade confirmou a alta demanda nos últimos dias, com um aumento de 50% no atendimento diário no pronto-socorro.

Hospital do Coração, em Natal — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
Hospital do Coração, em Natal — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi

Segundo o Hospital do Coração, 25 leitos críticos para Covid-19 estavam ocupados na sexta-feira – a direção não informou o número de disponíveis.

Internados em leitos críticos

Atualmente, segundo o boletim diário da Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), o número de pacientes de hospitais particulares em leitos críticos de Covid-19 internados no RN já é maior que o de pacientes na rede pública (são 97 contra 77). Ao todo, considerando os leitos clínicos, 336 pessoas estão internadas pela doença no estado.

De acordo com a plataforma Regula RN, do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS), o Rio Grande do Norte está com 64,74% de ocupação dos leitos críticos para Covid-19. A consulta foi feita às 8h55. A Região Metropolitana tem 51,9%.

Nesta sexta-feira (4), uma mulher de 54 anos morreu após aguardar três dias por um transferência para uma UTI em Natal. Internada em Touros e com pedido de transferência para um leito crítico na capital potiguar na segunda-feira (30), ela chegou a ser transferida para o Hospital João Machado na quinta-feira (3), mas não resistiu e morreu.

Medidas

Com o aumento dos casos e uma maior busca por unidades de saúde, a governadora Fátima Bezerra (PT) anunciou a reabertura de 89 leitos críticos para Covid-19 em Natal nesta sexta-feira (4), seguindo uma recomendação do comitê científico.

“Infelizmente o Rio Grande do Norte, assim como os demais estados, passa por um momento de aumento do número de casos de pessoas com Covid-19, que já se refletiu no número de internações. Esse aumento não se refletiu no número de óbitos, mas é preciso tomar medidas para conter esse crescimento que está em curso”, disse Fátima.

A prefeitura de Natal publicou um decreto também no fim da sexta-feira (4) cancelando os festejos do Natal em Natal, o réveillon na praia com a queima de fogos, e o Carnaval 2021. Também estão proibidos os eventos com mais de 50 pessoas na capital potiguar.

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