À PF, Eduardo Bolsonaro nega ter repassado mensagens de incentivo a atos antidemocráticos

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Por G1 – O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) negou, em depoimento à Polícia Federal, que tenha repassado mensagens falsas e conteúdos que incitassem a animosidade das Forças Armadas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) ou estimulassem desrespeito a ordens judiciais. O depoimento foi dado em 22 de setembro no âmbito do inquérito aberto no STF para apurar a organização e o financiamento de atos com pautas antidemocráticas e inconstitucionais. O conteúdo foi revelado neste sábado (5) pelo jornal “O Estado de S. Paulo” e confirmado pela TV Globo.

Ouvido por mais de seis horas pela delegada da PF Denisse Dias Rosas Ribeiro, Eduardo Bolsonaro confirmou a presença em reuniões organizadas pelo blogueiro Allan dos Santos, um dos investigados no inquérito do STF. Questionado se era “adepto” das ideias defendidas pelo blogueiro, como a defesa de uma intervenção militar, Eduardo Bolsonaro disse que desconhecia essas ideias e que não cogita o uso das Forças Armadas para tal fim.

Em maio deste ano, Eduardo Bolsonaro defendeu a intervenção militar para restabelecer o jogo democrático. Em entrevista a Allan dos Santos, o deputado falou em “momento de ruptura” e disse que a questão não é de “se”, mas, sim, de “quando” isto vai ocorrer. No dia seguinte, o deputado filho do presidente Jair Bolsonaro deu nova declaração no mesmo sentido.

“E vou me valer de novo das palavras de Ives Gandra Martins: o poder moderador para restabelecer a harmonia entre os Poderes não é o STF, são as Forças Armadas (…) Eles [Forças Armadas] vêm, põem um pano quente, zeram o jogo e, depois, volta o jogo democrático. É simplesmente isso”, afirmou Eduardo na manhã desta quinta à rádio Bandeirantes.

Inquérito no STF

O inquérito sobre os atos antidemocráticos foi aberto em abril por decisão de Alexandre de Moraes, que atendeu a um pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras. O pedido de investigação foi apresentado por Aras após atos que defenderem o fechamento do Congresso Nacional e do STF, pautas antidemocráticas e inconstitucionais.

Outros depoimentos

Ouvido em setembro no mesmo inquérito, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) também negou que tenha produzido ou repassado conteúdo que impulsionasse atos antidemocráticos contra o STF e o Congresso Nacional. O vereador também afirmou que não participa da política de comunicação do governo federal, mas admitiu que tem relação com as contas do pai.

Ouvido como testemunha pela PF, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro afirmou, ter ouvido de ministros do Palácio do Planalto que Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) é ligado ao chamado “gabinete do ódio”.

O depoimento de Moro foi revelado pelo jornal “O Globo” – o G1 e a TV Globo também tiveram acesso. O ex-ministro afirmou que “havia comentários correntes de pessoas de dentro do governo da existência do denominado gabinete do ódio”, mas que não tratou desse assunto enquanto estava no cargo.

“Gabinete do ódio” é como vem sendo chamado um grupo que atuaria no Palácio do Planalto com o objetivo de atacar desafetos do governo Bolsonaro. Procurados, o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI) e a Secretaria de Governo não quiseram pronunciar sobre o assunto.

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