“Bolsonaro não tem dimensão humana”, diz Maia ao se solidarizar com Dilma após presidente falar de tortura

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Por Metrópoles — O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou falas do titular do Planalto, Jair Bolsonaro (sem partido), proferidas nessa segunda-feira (28/12). O chefe do Executivo nacional questionou práticas de tortura durante a ditadura militar (1964-1985), inclusive as sofridas pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

O mandatário do país fez insinuações de que a petista não teria sido torturada pelos militares durante o tempo em que ficou presa pela ditadura.

“Bolsonaro não tem dimensão humana. Tortura é debochar da dor do outro”, escreveu Maia, que é filho de Cesar Maia, então militante de esquerda que se exilou no Chile no fim da década de 1960 em função de perseguições da ditadura.

Em razão do exílio dos pais, Maia nasceu no Chile, sendo registrado no consulado do Brasil em Santiago, o que o caracteriza brasileiro nato. “Minha solidariedade a ex-presidente Dilma. Tenho diferenças com a ex-presidente, mas tenho a dimensão do respeito e da dignidade humana.”

Em nota divulgada nas redes sociais ainda na segunda, a petista afirmou que o presidente Bolsonaro tem “índole de torturador” e o classificou como um “sociopata, que não se sensibiliza diante da dor de outros seres humanos”. Pontuou ainda que ele “não merece a confiança do povo brasileiro”.

Raio x

Em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada na manhã de segunda (28/12), Bolsonaro chegou a cobrar um raio x da adversária política para provar uma fratura na mandíbula.

“Dizem que a Dilma foi torturada e que fraturaram a mandíbula dela. Traz o raio X para a gente ver o calo ósseo. Olha que eu não sou médico, mas até hoje estou aguardando o raio X”, disse Bolsonaro, referindo-se ao período de prisão da petista, em 1970, auge da repressão.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) manifestou repúdio à fala de Bolsonaro e expressou solidariedade a Dilma. “Brincar com a tortura dela — ou de qualquer pessoa — é inaceitável. Concorde-de ou não com as atitudes políticas das vítimas. Passa dos limites”, escreveu FHC no Twitter.

O candidato à presidência da Câmara apoiado por Maia, deputado Baleia Rossi (MDB-SP), também se pronunciou sobre a fala do chefe do Executivo: “Não é sobre esquerda, centro ou direta. É sobre a dignidade humana, é disso que se trata. Nossa solidariedade à ex-presidente Dilma Rousseff. Tortura nunca mais”.

Baleia é presidente nacional do MDB e disputa a cadeira de Maia contra o líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), apoiado por Bolsonaro.

Foto: Reprodução.

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