Neste sábado (21), na primeira visita ao Amapá após a crise energética em 13 das 16 cidades há 19 dias, o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) declarou que o governo federal fez tudo o que podia para retomar o fornecimento da energia no estado.
“Podemos garantir que a segurança energética vai permanecer nesse estado daqui pra frente. […] Estavam carentes, mas não sem assistência. Desde o começo fizemos todo o possível para restabelecer a energia no estado”, falou, em entrevista coletiva com a imprensa.
O presidente demorou 19 dias para visitar o estado em meio à crise, apenas para ligar parte dos geradores termoelétricos contratados provisoriamente. Ele fez um discurso breve, destacando as ações das Forças Armadas.
Até este sábado, o Amapá enfrentou dois blecautes totais: um no dia 3, que levou 4 dias para ter o fornecimento retomado mesmo que parcialmente, e outro na última terça-feira (17), que foi ajustado em cerca de 5 horas. Há investigações abertas em órgãos federais e estaduais para explicar as causas.
O ministro Bento Albuquerque, de Minas e Energia, que acompanhou a visita, declarou que vai apresentar um plano para que uma nova crise energética não volte a acontecer.
O presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que é senador pelo Amapá, foi o que fez o discurso mais longo na entrevista coletiva, agradecendo as ações do governo federal. Nenhuma das autoridades citou punição às empresas responsáveis pelo apagão.
O governo federal havia anunciado que 100% do estado teria energia com os geradores termoelétricos neste sábado, mas agora o discurso foi de que esse é o início do restabelecimento completo. Todo o Amapá só deve ter eletricidade na quinta-feira (26), com a instalação de um novo transformador na principal subestação do estado.
Bolsonaro chegou ao aeroporto de Macapá pouco depois das 15h, e após as 17h decolou para Brasília. Na rápida visita ao estado, ele fez breves cerimônias para ligar os geradores termoelétricos.
Essa foi a segunda vez que Bolsonaro viajou ao Amapá. Na primeira visita, para a inauguração do aeroporto de Macapá em abril de 2019, ele não saiu das instalações do terminal aeroportuário.
Neste sábado, ele foi recebido do lado de fora por manifestantes e apoiadores. Os protestos se estenderam ao governador do estado, Waldez Góes (PDT) e até mesmo a Alcolumbre.
Mesmo não estando na agenda, a expectativa era de que Bolsonaro aproveitasse a viagem para assinar uma medida provisória (MP) que estabelece uma ajuda social — por meio da isenção do pagamento da conta de energia elétrica — para os consumidores do estado afetados pelo apagão.
Na entrevista, o presidente declarou que o documento deve ser assinado ao longo dos próximos dias, isentando os usuários do pagamento do consumo de 30 dias anteriores à publicação da MP.
Os equipamentos, contratados para suprir a necessidade de consumo do estado, mesmo que provisoriamente, com a ativação de 45 megawatts de energia, foram montados na subestação Santa Rita, na capital Macapá, e noutra no município vizinho, Santana.
Neste sábado foram ligados só 20 megawatts dos 45 contratados. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o restante entrará em operação no domingo (21). Até a última atualização desta reportagem, havia bairros das zonas Sul e Norte de Macapá sem energia.
A visita do presidente foi anunciada na quinta-feira (19), em meio a pedidos para afastamento dos diretores da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) – que foi negado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região.
A comitiva que acompanhou o presidente foi composta pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque; pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general da reserva Augusto Heleno; pelo senador Davi Alcolumbre; pelo governador do Amapá, Waldez Góes (PDT); e por outras autoridades.
Crise energética no Amapá: geradores termelétricos devem entrar em operação neste sábado.
Nas últimas 3 semanas, o amapaense conviveu com parte do dia sem energia, já que foi estabelecido um sistema de rodízio e racionamento por regiões. Foi necessário manter novos hábitos em casa e no trabalho, até mesmo porque o cronograma nem sempre era cumprido.
Muitos moradores ficaram temerosos com a perda de eletrônicos com os desligamentos e retomadas da luz em horários fora do rodízio. Dormir também foi um privilégio.
Inicialmente, o governo federal deu prazo de 10 dias para solucionar o problema, o que não aconteceu. Em seguida, a distribuidora de energia, chamada Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), prometeu acabar com o rodízio e retomar a distribuição completa em 26 de novembro.
A CEA declarou que, com os geradores termoelétricos, o rodízio será suspenso, mas ainda vão ocorrer interrupções em horários de pico: das 14h às 16h e de 22h até 1h30. O diretor-presidente chegou a pedir paciência, enquanto o problema é resolvido.
Entenda no vídeo abaixo, em 7 pontos, o apagão no Amapá:
Entenda o apagão no Amapá em 7 pontos
Os geradores termoelétricos vão garantir o abastecimento até que mais dois transformadores da principal subestação do estado voltem a funcionar. E, depois, eles ficam de retaguarda, para evitar novos blecautes.
A Justiça Federal definiu que a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE) — responsável pela Subestação Macapá, ligada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e que pegou fogo no dia 3 de novembro — tem até o dia 25 de novembro para realizar a “completa solução” do problema.
Na Subestação Macapá, há somente um transformador funcionando. Para garantir energia para todo o estado é necessária a instalação de um segundo, que deve ser energizado até o dia 26 de novembro. E ainda, para operar com segurança de reserva de energia, o estado recebe um terceiro transformador enviado de Boa Vista, que deve chegar em dezembro.
O segundo equipamento, que estava em Laranjal do Jari, no Sul do estado, chegou em Macapá na quarta-feira (18), após uma grande operação para o transporte, já que ele pesa cerca de 200 toneladas. Foram mais de 30 horas de viagem de balsa.