‘Fizemos todo o possível para restabelecer a energia’, diz Bolsonaro ao visitar o Amapá após 19 dias e 2 apagões

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Presidente Bolsonaro falou com a imprensa antes de deixar o Amapá, em breve viagem neste sábado (21) — Foto: John Pacheco/G1

Neste sábado (21), na primeira visita ao Amapá após a crise energética em 13 das 16 cidades há 19 dias, o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) declarou que o governo federal fez tudo o que podia para retomar o fornecimento da energia no estado.

“Podemos garantir que a segurança energética vai permanecer nesse estado daqui pra frente. […] Estavam carentes, mas não sem assistência. Desde o começo fizemos todo o possível para restabelecer a energia no estado”, falou, em entrevista coletiva com a imprensa.

presidente demorou 19 dias para visitar o estado em meio à crise, apenas para ligar parte dos geradores termoelétricos contratados provisoriamente. Ele fez um discurso breve, destacando as ações das Forças Armadas.

O ministro Bento Albuquerque, de Minas e Energia, que acompanhou a visita, declarou que vai apresentar um plano para que uma nova crise energética não volte a acontecer.

O presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que é senador pelo Amapá, foi o que fez o discurso mais longo na entrevista coletiva, agradecendo as ações do governo federal. Nenhuma das autoridades citou punição às empresas responsáveis pelo apagão.

Breves cerimônias ligaram geradores para fornecer energia ao estado — Foto: John Pacheco/G1
Breves cerimônias ligaram geradores para fornecer energia ao estado — Foto: John Pacheco/G1

governo federal havia anunciado que 100% do estado teria energia com os geradores termoelétricos neste sábado, mas agora o discurso foi de que esse é o início do restabelecimento completo. Todo o Amapá só deve ter eletricidade na quinta-feira (26), com a instalação de um novo transformador na principal subestação do estado.

Bolsonaro chegou ao aeroporto de Macapá pouco depois das 15h, e após as 17h decolou para Brasília. Na rápida visita ao estado, ele fez breves cerimônias para ligar os geradores termoelétricos.

Essa foi a segunda vez que Bolsonaro viajou ao Amapá. Na primeira visita, para a inauguração do aeroporto de Macapá em abril de 2019, ele não saiu das instalações do terminal aeroportuário.

Neste sábado, ele foi recebido do lado de fora por manifestantes e apoiadores. Os protestos se estenderam ao governador do estado, Waldez Góes (PDT) e até mesmo a Alcolumbre.

Mesmo não estando na agenda, a expectativa era de que Bolsonaro aproveitasse a viagem para assinar uma medida provisória (MP) que estabelece uma ajuda social — por meio da isenção do pagamento da conta de energia elétrica — para os consumidores do estado afetados pelo apagão.

Na entrevista, o presidente declarou que o documento deve ser assinado ao longo dos próximos dias, isentando os usuários do pagamento do consumo de 30 dias anteriores à publicação da MP.

Os equipamentos, contratados para suprir a necessidade de consumo do estado, mesmo que provisoriamente, com a ativação de 45 megawatts de energia, foram montados na subestação Santa Rita, na capital Macapá, e noutra no município vizinho, Santana.

Neste sábado foram ligados só 20 megawatts dos 45 contratados. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o restante entrará em operação no domingo (21). Até a última atualização desta reportagem, havia bairros das zonas Sul e Norte de Macapá sem energia.

Em Macapá, Jair Bolsonaro visitou geradores termoelétricos contratados para fornecerem energia ao Amapá — Foto: John Pacheco/G1
Em Macapá, Jair Bolsonaro visitou geradores termoelétricos contratados para fornecerem energia ao Amapá — Foto: John Pacheco/G1

visita do presidente foi anunciada na quinta-feira (19), em meio a pedidos para afastamento dos diretores da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) – que foi negado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região.

A comitiva que acompanhou o presidente foi composta pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque; pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general da reserva Augusto Heleno; pelo senador Davi Alcolumbre; pelo governador do Amapá, Waldez Góes (PDT); e por outras autoridades.

Crise energética no Amapá: geradores termelétricos devem entrar em operação neste sábado

Crise energética no Amapá: geradores termelétricos devem entrar em operação neste sábado.

Nas últimas 3 semanas, o amapaense conviveu com parte do dia sem energia, já que foi estabelecido um sistema de rodízio e racionamento por regiões. Foi necessário manter novos hábitos em casa e no trabalho, até mesmo porque o cronograma nem sempre era cumprido.

Muitos moradores ficaram temerosos com a perda de eletrônicos com os desligamentos e retomadas da luz em horários fora do rodízio. Dormir também foi um privilégio.

Montagem de gerador termoelétrico na Subestação Santa Rita, em Macapá — Foto: GEA/Divulgação
Montagem de gerador termoelétrico na Subestação Santa Rita, em Macapá — Foto: GEA/Divulgação

Inicialmente, o governo federal deu prazo de 10 dias para solucionar o problema, o que não aconteceu. Em seguida, a distribuidora de energia, chamada Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), prometeu acabar com o rodízio e retomar a distribuição completa em 26 de novembro.

A CEA declarou que, com os geradores termoelétricos, o rodízio será suspenso, mas ainda vão ocorrer interrupções em horários de pico: das 14h às 16h e de 22h até 1h30. O diretor-presidente chegou a pedir paciência, enquanto o problema é resolvido.

Entenda no vídeo abaixo, em 7 pontos, o apagão no Amapá:

Entenda o apagão no Amapá em 7 pontos

Entenda o apagão no Amapá em 7 pontos

Os geradores termoelétricos vão garantir o abastecimento até que mais dois transformadores da principal subestação do estado voltem a funcionar. E, depois, eles ficam de retaguarda, para evitar novos blecautes.

A Justiça Federal definiu que a Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE) — responsável pela Subestação Macapá, ligada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e que pegou fogo no dia 3 de novembro — tem até o dia 25 de novembro para realizar a “completa solução” do problema.

Subestação em Macapá onde aconteceu incêndio — Foto: Wesley Abreu/Rede Amazônica
Subestação em Macapá onde aconteceu incêndio — Foto: Wesley Abreu/Rede Amazônica

Na Subestação Macapá, há somente um transformador funcionando. Para garantir energia para todo o estado é necessária a instalação de um segundo, que deve ser energizado até o dia 26 de novembro. E ainda, para operar com segurança de reserva de energia, o estado recebe um terceiro transformador enviado de Boa Vista, que deve chegar em dezembro.

O segundo equipamento, que estava em Laranjal do Jari, no Sul do estado, chegou em Macapá na quarta-feira (18), após uma grande operação para o transporte, já que ele pesa cerca de 200 toneladas. Foram mais de 30 horas de viagem de balsa.

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